terça-feira, 2 de agosto de 2011

JIPE BLINDADO DA VILA MADALENA CAUSA ACIDENTE

Moradora do quarto andar de um prédio na mesma rua da Vila Madalena onde o administrador de empresas Vítor Gurman, de 24 anos, foi atropelado no sábado (23), a jornalista Ingrid Basílio, de 48 anos, disse à polícia nesta segunda-feira (1º) que não era a nutricionista Gabriella Guerrero, de 28 anos, quem dirigia o Land Rover no momento do acidente, e sim o proprietário do jipe blindado, Roberto de Souza Lima, de 34 anos. Em entrevista ao G1 por telefone nesta noite, ela reafirmou o depoimento e contou o que viu.
 
 
"Quando eu cheguei, eu vi que ele estava no lugar do motorista. Ele estava embaixo. O carro tombou com o lado do motorista no chão. O lado do passageiro ficou para cima. Ele estava embaixo e ela por cima dele", afirmou.No dia do acidente, Gabriella, namorada de Roberto, afirmou aos policiais que era ela quem conduzia o veículo. Desde o último fim de semana o G1 tenta contato com a jovem, sem sucesso. O delegado responsável pelo caso disse que vai ouvir novamente algumas testemunhas para saber quem realmente estava ao volante.




 

Ingrid disse que acompanhou angustiada as notícias sobre o acidente, mas esperava ser chamada pela polícia para depor. "Eu estava à espera de ser chamada. Todas as pessoas com quem eu trabalho, minha chefe, meus amigos, sabem o dilema que eu estava vivendo. Eu contei para todo mundo."


A jornalista afirmou que estava em seu apartamento, no quarto andar de um edifício próximo ao local do acidente. "Estava em casa quando ouvi um estrondo, um barulho. Olhei pela janela e vi o carro caído. Desci correndo, avisei o porteiro, pedi para chamar uma ambulância. Quando cheguei ao local, vi o carro parado e algumas pessoas falando com eles (os ocupantes). O rapaz só dizia: 'Vou morrer, vou morrer." E ela consolando: 'não você não vai morrer'. Eu fui até onde estava caído o rapaz, a uns 15 metros."

 
Segundo a jornalista, depois que o rapaz foi socorrido, ela voltou ao local onde estava o jipe e um dos amigos do casal a abordou. "Quando fui voltando, um daqueles rapazes que estavam com eles falou: 'Você viu, ela que estava dirigindo'."

 
Segundo Ingrid, Gabriela também a abordou. "Ela veio falar também que ela estava dirigindo. Eu fiquei muito irritada. Disse: 'vocês podem ter matado uma pessoa e você está preocupada aqui em dizer que você estava dirigindo'." Enquanto, esperava ser chamada a depor na polícia, Ingrid descobriu que Vítor era sobrinho de uma pessoa próxima a ela, mas a jornalista negou que esse vínculo tenha relação com o testemunho. "É claro que não houve esse vínculo. Todo mundo no meu trabalho sabe que eu ia fazer alguma coisa. Só não tinha decidido o que era melhor, me apresentar à delegacia ou falar com a imprensa primeiro. Fiquei pensando o que fazer."


Ingrid contou que, após a morte de Vítor, ela pegou o número do telefone da família dele com uma amiga em comum e ligou. "Liguei para a família dele, eles me convidaram a ir à delegacia e fomos hoje. Eu sei que não era ela, que era ele. Todo mundo que trabalha comigo sabe disso. Quando me avisaram que ele morreu, eu disse: 'Puxa vida, tenho de fazer alguma coisa. Não vou ficar esperando ser chamada."


Ingrid afirmou que não foi a primeira a chegar ao local do acidente. "Não fui a primeira porque quando eu desci já tinha esse carro parado com essas pessoas já socorrendo o casal. Cheguei antes de eles serem retirados do carro. "Ingrid afirmou que o homem que estava no lugar do motorista estava com uma blusa clara. Já a nutricionista estava de blusa escura, de preto, disse.

 

"Eu não reparei se ele estava de cinto de segurança ou não. Eu não vi quando eles foram retirados do carro porque eu estava com o menino, que respirava com muita dificuldade. Parou um carro, um casal. Havia uma médica, que pediu um tubo de oxigênio. Eu disse que morava perto e talvez pudesse ajudar, mas ela (médica) disse que não precisava. Eu estava envolvida nisso tudo. Depois chegou a PM."


Ingrid afirmou que deixou os contatos com os policiais que atenderam a ocorrência. "Não sei porque não fui chamada, porque dei meu nome e meu telefone. Tanto que hoje a polícia me ligou", afirmou. "Eu subi, peguei os documentos, anotaram meus dados e eu fui para casa."


O jovem  foi enterrado na sexta-feira (29) no Cemitério Israelita do Butantã, na Zona Oeste de São Paulo. Ele teve a morte confirmada na quinta. Além de afirmar que dirigia o veículo, a nutricionista disse que "perdeu o controle" do carro. Em entrevista ao jornal "Folha de S.Paulo", ela disse que dirigia o jipe Land Rover blindado do namorado porque ele havia bebido e estava "sem condições de guiar".
 

Defesa contesta
 
O advogado José Luís de Oliveira Lima, que defende Gabriela, disse que esse novo depoimento “é isolado e não corresponde à realidade”. “Porque ela não foi à delegacia prestar depoimento antes, esperou passar dez dias?” Para ele, as declarações da testemunha não mudam em nada o rumo do caso. “Quem dirigia a Land Rover no momento do acidente era a minha cliente Gabriela.


Ela não teria por que assumir um caso dessa gravidade”, afirmou o advogado, lembrando que “dois policiais militares no inquérito afirmaram textualmente” que quem estava dirigindo era a nutricionista. “Causa estranheza à defesa que essa pessoa compareça no local do acidente e não tenha ido à delegacia para dar seu relato (antes).”
 

O acidente
 
Vítor Gurman voltava a pé para casa após sair de um jantar no sábado, quando foi atropelado pelo jipe blindado. Ao lado da nutricionista, estava o namorado. A jovem saiu ilesa. O carro tem 26 multas no Detran, sendo dez por excesso de velocidade.


O delegado Manoel Andaluz Neto, do 14º Distrito Policial, em Pinheiros, afirmou que foi pedida a constatação da velocidade do carro no momento do atropelamento à perícia técnica.



Alccy Marthins
@alcy_martins