quinta-feira, 25 de agosto de 2011

GREVE GERAL DOS PROFESSORES DO ESTADO CEARÁ

Aos 24 de agosto de 2011, o movimento da EEEP Presidente Roosevelt na ação da greve dos professores do Estado foi exemplar, reunimo-nos na EEEP Presidente Roosevelt por volta das 7:30h da manhã, logo em seguida, saímos para fazer a jornada na EEEP Marvin e EEEP Paulo Petrola. Foram os seguintes professores: Daniela Bezerra, Alcy Martins, Edilberto Braga, Ana Paula, Alfredo Homsi, Karla Silva, Luana Mara, Rafaela Moura e Lamarck Augusto.



Professores da EEEP Presidente Roosevelt-CE: Edilberto Braga, Danila Bezerra,
Alccy Martins, Alfredo Homsi, Raphaela Moura e Karla Silva.
Foto: Profa. Ana Paula


Com esse time e outros companheiros de luta, da Zonal da Região I, com participação marcante da EEEP Joaquim Noqueira se constituiu o Comando de Greve das EEEP’s - CGE. Chegamos a EEEP Marvin onde fomos recepcionados pela secretária escolar encaminhando-nos a sala dos professores para que assim pudéssemos dialogar. E posteriormente, a EEEP Paulo Petrola, que fomos recebidos pela diretora da instituição que nos levou até a sala dos professores para os pronunciamentos.

Professores da EEEP Presidente Roosevelt-CE: Ana Paula, Luana Mara, 
Alccy Martins, Alfredo Homsi, Edilberto Fraga e Lamarck Augusto
Foto: Profa. Raphaela Moura

De início a professora de Geografia da EEEP Presidente Roosevelt Daniela Bezerra, fala sobre a conjuntura educacional do Estado do Ceará em aspectos formais. Na visão da professora o governador está totalmente equivocado quanto a profissão de professor e sua importância, pois o mesmo vem cotidianamente fazendo declarações que danifica a imagem do professor em todos os sentidos. Fala também das diversas formas de pressão que o professorado do Estado do Ceará vem recebendo por parte da gestão das escolas e do próprio governo que tenta mascará a realidade e que tenta barrar a adesão dos professores a greve.


Professores da EEEP Presidente Roosevelt-CE:
Alccy Martins, Alfredo Homsi, Edilberto Fraga, Lamarck Augusto e Daniela Bezerra
Foto: Profa. Raphaela Moura

Daniela fala com emoção da reunião acontecida no dia 19/08 com os pais/responsáveis dos alunos da EEEP Presidente Roosevelt tendo o apoio dos mesmos. Ressaltou também que a cada dia o professor se torna presa fácil na mão do governador, justificou que isso não pode de forma alguma continuar acontecendo, pois estamos em um país democrático e ensinamos além dos conteúdos didáticos os assuntos transversais para nossos alunos como cidadania, ética e democracia. Falou Daniela que não teria coragem de entrar em sala de aula sabendo que a carreira de professor estava sendo destruída pelo governador Cid Gomes, ponderou.
Professores em debate nos Zonais I
Foto: Prof. Alccy Martins

É interessante analisar o envolvimento dos alunos nessa luta da categoria, que vem tomando mais tamanho e forma. O professor de Física Alfredo Homsi da EEEP Presidente Roosevelt e da EEM Adauto Bezerra revela que um ato tão grandioso surgiu dentro da primeira escola citada, onde o Grêmio Estudantil representado por sua presidente Vitória Bastos, decidiram que no dia do estudante 11/08 não viriam para a escola, e assim aconteceu num total de 355 alunos apenas 27 compareceram a Unidade Escolar. Isso mostra que os estudantes estão mais conscientes e preparados para a vida social e democrática, e que não permitirão que no futuro nenhum governo modifique seus salários para menos, pontuou Alfredo Homsi.
Professores em debate nos Zonais II
Foto: Prof. Alccy Martins

Logo em seguida o professor de Educação Física Milton da EEEP Joaquim Nogueira, fala sobre a vontade de está na luta com determinação e coerência, pois segundo o professor o governador argumenta que não tem mecanismos de negociação, quando na verdade foi o próprio chefe do Poder Executivo que inicia a tomada da greve negando os direitos dos professores. Nesse contexto, afirma que a greve se torna clara quando Cid Gomes toma a decisão de não pagar o Piso Salarial requerido pela categoria e aprovado no Supremo Tribunal Federal - STF.



Professores em debate nos Zonais III
Foto: Prof. Alccy Martins





Milton também lembra que não podemos temer, pois as conquistas são superiores as derrotas. E deu dois exemplos, a equiparação salarial entre a categoria e o direito dos professores temporários de participar da Seleção Pública para as EEEP’s foram conquistas de lutas que expressaram a adesão dos professores para que assim fossem tomados como força existencial contra o governador.

Professores em debate nos Zonais IV
Foto: Prof. Alccy Martins


Na concepção do que de fato acontece na categoria, o professor de História Renam Silva da EEFM São José dos Arpoadores, ressalta que os professores são segregados pelo sistema: em temporário, probatório e efetivo, isso dentro de uma escola de ensino regular. Pela falsa mídia que o governador faz das EEEP’s pensa-se que nessas unidades é diferente, quando na verdade fica pairando no campo da teorias das ideias.


Professores em debate nos Zonais V
Foto: Prof. Alccy Martins


Renam Silva esclarece que nas EEEP’s além do temporário, do probatório e do efetivo, existe o técnico, que tem um salário maior do que os professores da Educação Básica, segundo ele não que os técnicos não mereçam, sim completou Renam Silva, merecem pelo esforço e os titames do processo, mas reluta afirmando que os demais professores fossem valorizados, respeitados e reconhecidos como peça chave para uma sociedade justa e digna. Finalizando reconhece que tanto os professores das escolas regulares como das EEEP’s estão no mesmo barco e que na prática até o salário é o mesmo.



O professor de Química Edilberto da EEEP Presidente Roosevelt lembrou dos tempos nos quais era professor temporário falando que a pressão é grande para forçar a não adesão a greve. Visto que o Estado tem um grande número de professores temporários. Edilberto relatou que estava feliz por está lutando por seus direitos e que a partir do momento em que se envolveu com a greve percebeu que os fatos precisam ser esclarecidos e dimensionados, pois só assim conseguiremos uma vitória da categoria, então da sociedade. Edilberto fala também da coragem dos primeiros professores da EEEP Presidente Roosevelt em entrar na greve para fazer valer seus direitos: Daniela Bezerra, Alcy Martins, Edilberto Braga, Ana Paula, Socorro Albuquerque, Kelly Góes e Estélio Rubens, esclarece.


É fato que o governador desde junho do ano corrente tenta argumentar as atrocidades contra os professores em sua proposta para ser encaminhada a Assembléia Legislativa sem fundamento legal, social e jurídico. O professor de Educação Física Lamarck Augusto da EEEP Presidente Roosevelt salientou que é injusta a retirada de direitos dos professores por qualquer medida que seja, por esse motivo a categoria resolveu se organizar e começar a greve, devido também a ascensão profissional ser prejudicada provocando insatisfação na categoria. Lembra Lamarck Augusto que a tomada de decisão foi se dando aos poucos, ou seja, segundo ele a sensibilização foi uma manifestação individual para se tornar coletiva.




Ressalta ainda que à medida que, ocorre o engajamento da classe cria-se mais dinamismo nas ações do movimento. O professor avisou que aos 25/08 a partir das 8h da manhã haverá o Dia D da Educação Pública com concentração na Praça da Imprensa indo até Assembleia Legislativa, segundo Lamarck Augusto, estão sendo esperados cerca de 10 mil professores tanto do interior como da capital cearense para o ato marcado.


A professora de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira Ana Paula da EEEP Presidente Roosevelt começa sua fala ressaltando que todos os direitos dos professores usufruem hoje é fruto das greves da década de 1980 e que à medida que, os anos passaram os governantes foram tirando tais direitos, o que significa uma classe desmotivada e sem perspectiva de carreira no futuro e porque não dizer no presente.




A referida professora avalia que a mulher é a mais prejudicada da categoria nessa proposta governamental, pois precisará chegar quase aos 31 anos de serviços para requerer a aposentadoria, à mesma acredita ser um absurdo e uma prepotência do governador Cid Gomes, que sequer sabe a dimensão do problema que gerou. Não podemos cruzar os braços e fingir que nada acontece, pois somos uma classe que é prejudicada aos extremos e não podemos calar, atacou a mestre. Se você for avaliar todos os aspectos perceberá que a carreira acabará com esta proposta descabida e sem valorar a profissão de professor, salientou Ana Paula.


George Bezerra que é professor de História da EEFM José Antônio Bezerra, sendo esta uma escola regular do Estado, responde um dos professores da Unidade Escolar visitada, sobre a questão dos salários dos mestres, pois o mesmo fica preocupado com a ação do governo contra seu contrato de trabalho por tempo determinado que é válido por um ano. George responde que a greve está dentro da legalidade e que o Sindicato Apeoc está trabalhando para assegurar a continuidade da greve e as reivindicações dos professores junto ao governador, até onde se sabe o governador não punirá com salário o trabalhador, pois estamos na legalidade, porém afirma que os professores não podem ficar em casa enquanto outros trabalham na greve.




Para George Bezerra o profissional do magistério precisará de no mínimo 28 anos de trabalho para ter a chance de chegar ao último nível da carreira, ou seja, já no final da carreira, isso é um absurdo. A iniciativa da categoria em fazer greve desperta um interesse muito grande sobre os professores de um modo geral, porque segundo ele a exclusão de 80% dos professores efetivos de qualquer reajuste e a destruição da carreira foi o ponto inicial para gerar um desconforto na categoria.




Outro assunto que George abordou foi que a avaliação institucional não se tem certeza de como será aplicada na prática, vendo que em São Paulo, não tem gerado bons resultados. Indagado, o mestre fala aos professores da EEEP Marvin e EEEP Paulo Petrola que os 200 dias letivos serão cumpridos pois é lei federal.  


A professora responsável pelo Laboratório de Informática – LEI, Raphaela Moura da EEEP Presidente Roosevelt falou sobre a questão acionada dia anterior 23/08 na sede da APEOC acerca da carteira assinada pelo Estado para os professores temporários, segundo ela é de uma humilhação e constrangimento grande está todos os anos fazendo o mesmo processo seletivo, para a mesma função na mesma instituição de ensino. A professora afirmou que deve ser colocada em discussão junto ao Estado a real situação do temporário em seu contrato, reafirmando o professor Alcy Martins destaca que é de caráter urgente a proposta da carteira assinada.


Em meios a tantos discursos e reivindicações que a classe está exigindo por e com direito, fica claro e notório que os professores estão firmes na discussão contra o governador. O professor de Biologia Alcy Martins da EEEP Presidente Roosevelt fica irritado com o governador, devido o mesmo querer decidir algo sem consulta da classe envolvida. Para ele os professores devem se envolver cada vez mais com a comunidade escolar, pois não adiante fazer a greve isoladamente, tem que trazer para a discussão os alunos e seus responsáveis para que de fato possam construir uma frente contra as atrocidades de Cid Gomes.




Na era da mídia o professor Alcy Martins esclarece que as redes sociais se tornaram hoje um elo de ligação forte com toda a sociedade, seja em qualquer rede que esteja aconselha a tratar do assunto para que se crie a informação formativa. Lembra Alcy Martins que o governador afirmou que “Por mim, nem carreira existiria”, na opinião do mestre isso significa que as universidades que formam os professores estão erradas, que toda a sociedade sobrevive sem professores e o que é pior o direito a educação que é constitucional é prejudicado.




Salienta ainda que no campo da questão dos professores temporários está articulando com a professora Raphaela Moura o agendamento com o advogado da Apeoc para a discussão da carteira assinada, garantindo desta forma as legalidades que o Estado não oferece. Opinou com veemência que o INSS não registra de imediato o depósito do desconto para a Previdência Social, e que quando for se aposentar deverá requerer via Justiça Federal.




Na verdade é um total descaso do Estado, é bem verdade que ocorreu um aumento no salário para o temporário que é a equiparação salarial, porém do outro lado Cid Gomes quer acabar com a possibilidade de ascensão profissional afirma o professor, isso é inaceitável retrucou.  Finalizando o professor Alcy Martins propõe que a classe de trabalhadora da educação se reúna de maneira clara e decidam por aderir a greve.


Vale ressaltar que na EEEP Marvin os professores estavam necessitando de um diálogo maior para tomar decisões. E na EEEP Paulo Petrola ocorreu um envolvimento com os alunos depois da reunião do Comando de Greve, pela curiosidade do que ocorria, muitos logo se posicionaram sobre as declarações do governador nos últimos dias, afirmando que não poderiam aceitar os erros administrativos do governador Cid Gomes contra seus professores.




Os professores também articularam a criação do Grêmio Estudantil da EEEP Paulo Petrola, para isso foi requerida a presença de Rodolfo presidente do Grêmio do Joaquim Noqueira e Vitória Bastos da EEEP Presidente Roosevelt.  Em ambas as escolas segundo os professores foi positivo a campanha pela greve dos professores da Rede Estadual de Ensino do Ceará pelo Comando de Greve das EEEP’s o CGE.

Texto assinado por Alcy Martins




Alccy Martins
@alcy_martins