domingo, 11 de setembro de 2011

10 ANOS DA TRAGÉDIA DAS TORRES GÊMEAS NOS EUA


Para marcar os dez anos dos ataques terroristas às Torres Gêmeas, que deixaram quase 3 mil vítimas em Nova York, nos EUA, o mundo inteiro faz uma série de homenagens neste domingo, 11. Os 184 mortos no atentado ao Pentágono, na Virgínia, e as 40 vítimas da queda – em um campo na Pensilvânia – de um dos quatro aviões sequestrados também serão lembrados. 




O presidente americano, Barack Obama, confirmou presença na inauguração do Memorial 11 de Setembro, que foi construído no mesmo local onde ficavam as duas torres do World Trade Center (WTC). Obama também vai participar de cerimônias na região metropolitana de Washington D.C., onde está o Memorial do Pentágono, e na Pensilvânia.
 
 
 
A abertura do memorial em Nova York, também chamado de Marco Zero, será às 8h40 (9h40 de Brasília) apenas para os familiares das vítimas. Será lido o nome de cada um dos mortos nos quatro atentados, e depois haverá música, recitação de poemas, orações e discursos.








No exato momento (às 9h46 e 10h03 de Brasília) em que as torres foram atingidas pelos aviões do voo 11 da American Airlines e do voo 175 da United Airlines, será feito um minuto de silêncio. O horário da queda dos outros dois aviões (10h37 e 11h03 de Brasília) também será respeitado com silêncio. Ao mesmo tempo, igrejas e templos da cidade devem soar os sinos.
 
 
 
 
Além do presidente Barack Obama, estarão presentes o ex-presidente George W. Bush, o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, e o governador, Andrew Cuomo. O prefeito e o governador à época, Rudolph Giuliani e George Pataki, também foram convidados, além de outras autoridades e artistas.




Memorial 11 de setembro (Foto: AP Photo/Mark Lennihan)
Novo complexo abrange memorial e terá 5 prédios (o maior deles aparece
em construção), museu, metrô e shopping.
Foto: AP Photo/Mark Lennihan
 
 
 
 
O público em geral – é preciso fazer reserva antecipada pela interne – poderá visitar o Memorial 11 de Setembro a partir desta segunda-feira, 12. O funcionamento será de segunda a sexta, das 10h às 20h (horário local), e aos finais de semana, das 9h às 20h. A partir de 9 de janeiro de 2012, o encerramento diário será às 18h e, aos finais de semana, a abertura será às 10h.



Washington D.C. e Pensilvânia
As 184 vítimas do voo 77 da American Airlines que morreram no ataque ao Pentágono, sede do Departamento de Defesa americano, serão homenageadas neste domingo em uma cerimônia para 700 pessoas, entre familiares e militares, no Memorial do Pentágono, em Arlington – região metropolitana de Washington D.C. Os monumentos foram inaugurados em 11 de setembro de 2008.




Na Catedral Nacional de Washington, está programado para às 21h30 (de Brasília) o Concerto pela Esperança, com discurso de Obama e apresentações do cantor country Alan Jackson, da cantora de R&B Patti LaBelle e da mezzo soprano Denyce Graves.



Na cidade de Shanksville, Pensilvânia, a comemoração em memória aos mortos do voo 93 da United Airlines ocorrerá no Memorial Plaza, às 9h30 do horário local (10h30 de Brasília), e deve durar duas horas. Haverá tributos de música, entrega de coroas de flores e outras atividades ao longo do dia.







Sábado
No último sábado, o ex-presidente George W. Bush levou uma coroa de flores ao Pentágono para lembrar as pessoas que morreram ali. Bush também compareceu à Pensilvânia, ao lado do ex-presidente Bill Clinton e do atual vice-presidente, Joe Biden. Eles inauguraram um memorial com o nome das vítimas.




Acompanhado da primeira-dama Michelle, o presidente Obama visitou o Cemitério Nacional de Arlington, na Virgínia, onde estão enterrados 6.213 soldados mortos nas guerras do Afeganistão e do Iraque, que sucederam os ataques ao WTC.




Ameaças e medidas de segurança
Os EUA vivem em constante alerta sobre novos ataques que estariam sendo planejados pela rede terrorista Al-Qaeda, responsável pelos atentados de 2001. Nas últimas horas, agentes federais americanos vasculharam os registros de companhias aéreas à procura de possíveis suspeitos. Nada foi encontrado, mas a atenção sobre eventuais explosões de carro-bomba continua.




A segurança em Nova York foi reforçada, e são mantidas barreiras policiais pela cidade para revistar os carros. Bolsas e mochilas também são verificadas com mais frequência na entrada de prédios públicos e museus.



As principais ruas da região vão ficar fechadas para o tráfego e também haverá restrições à passagem de pedestres. Além disso, centenas de atiradores de elite estão posicionados em pontos estratégicos de Nova York, principalmente ao redor do World Trade Center. A preocupação extrema também se justifica porque o presidente americano, Barack Obama, estará na cidade.




Segundo declaração feita por Obama no último sábado, em um programa semanal veiculado no rádio e na internet, os EUA se mantiveram “fortes frente às ameaças, a segurança foi fortalecida, as alianças melhoradas, e a Al-Qaeda está a caminho da derrota”. O presidente ainda classificou o povo americano como "resistente e unido".




Reconstrução
No complexo onde caíram as Torres Gêmeas, além de uma queda d’água constante de 9 metros no local da fundação dos dois prédios e um parque em volta, serão construídos cinco edifícios comerciais (o maior deles com 105 andares, o que deve ser o mais alto dos EUA, com 540 metros de altura), museu, shopping e uma nova estação de metrô. O projeto foi divulgado em 2003, e as obras devem ser concluídas até 2017. O bairro ao sul da ilha de Manhattan também foi reurbanizado.





No parapeito de bronze das cascatas, há o nome das 2.983 vítimas de 2001 e também as que foram mortas em um atentado com carro-bomba em 1993.



Memorial 11 de setembro 2 (Foto: AP Photo/Mark Lennihan)Memorial 11 de Setembro, inaugurado neste domingo, será iluminado à noite
Foto: AP Photo/Mark Lennihan




Durante todo o ano, as cerimônias dos dez anos do 11 de Setembro têm atraído centenas de milhares de pessoas. Algumas chegam a fazer peregrinações até Nova York. O décimo aniversário da queda do WTC também tem sido amplamente marcado com exposições e projeções de filmes em museus (como Guggenheim e Metropolitan) e universidades, espetáculos teatrais, apresentações de música e cerimônias religiosas.




Alccy Marthins
Twitter: @alcy_martins






A CAMPANHA DA LEGALIDADE COMPLETA 50 ANOS DE BRASIL





É bom ressaltar que faz exatamente 50 anos, que o então presidente Jânio Quadros renunciou jogando o Brasil em uma das mais profundas crises institucionais de nossa história. O vice-presidente João Goulart estava em viagem oficial na China, era época de viagens internacionais difíceis e demoradas. Naquele tempo, o Presidente da República era eleito separadamente do Vice-Presidente: João Goulart era de outro partido e com propostas completamente diferentes do partido e do programa de Jânio.





A instabilidade levou os chefes militares a romperem com a Constituição. João Goulart não aceitou o ultimato para exilar-se e decidiu regressar, enfrentando todos os riscos. Foi então que ocorreu uma das mais belas páginas da mobilização cívica no Brasil: a Campanha da Legalidade, liderada por Leonel Brizola; usando uma precária rede de rádios, a Rede da Legalidade, mobilizou o país.




O Grito da Legalidade venceu, João Goulart tomou posse, mesmo submetendo-se a adoção do Parlamentarismo que reduziu substancialmente o seu poder de Presidente. Mas a Campanha da Legalidade ficou interrompida, porque não visava apenas dar posse ao eleito constitucionalmente, mas também fazer, dentro do marco constitucional, as reformas que o país ansiava há séculos.




A reforma ética e técnica da máquina de Governo, para eliminar a corrupção e tornar o Estado eficiente. A reforma agrária era necessária: economicamente, para permitir o uso da terra de forma produtiva; e, socialmente, para superar a miséria em que vivia a maior parte da população rural do país.



A reforma bancária, que buscava colocar o sistema financeiro a serviço da economia produtiva e da população, tirando-o da especulação a que se dedicava. A reforma que levaria à erradicação do analfabetismo. A reforma da educação de base que permitisse colocar todas as crianças brasileiras em escolas com qualidade. E a reforma do ensino superior que era prisioneiro do bacharelismo isolado do setor produtivo, sem qualquer capacidade de inovar.




Uma reforma que permitisse criar um eficiente sistema de saúde pública e eliminasse as filas, levando atendimento a todos com a mesma qualidade. A reforma que levaria o Brasil a se transformar em um país industrializado. De lá para cá, alguns desses temas perderam atualidade do ponto de vista político e econômico. Mas a Legalidade não foi completada. Ela não aboliu a corrupção, nem fez a reforma política que precisamos. O número de analfabetos é hoje maior do que há 50 anos.



Pior do que a ilegalidade é termos construído a imoralidade: uma pessoa morre ou vive de acordo com o acesso que consegue aos serviços de saúde; desenvolve ou não seu potencial intelectual de acordo com o acesso que consegue aos serviços educacionais. A agricultura substituiu latifúndios improdutivos pela eficiência do agronegócio, mas a economia continua baseada na exportação de commodities.




A nossa saúde e a nossa educação de qualidade continuam hoje, 50 anos depois, com acesso limitado aos poucos que podem pagar. A educação está restrita a apenas 40% que terminam o ensino médio e, destes, menos da metade recebe uma formação satisfatória para as exigências do mundo atual. O ensino superior, que aumentou substancialmente o número de alunos, não foi capaz de elevar-se conforme as exigências do mundo atual.



Em parte como consequência desse atraso educacional, nossa indústria, que avançou de maneira muito positiva nesses 50 anos, não consegue dar o salto que o século XXI exige, nem sair dos produtos tradicionais para os de bens e serviços de alta inovação científica e tecnológica.




A luta da Legalidade precisa continuar para construirmos o Brasil que queremos. Um país sem corrupção, nem miséria; com um Estado eficiente e uma política decente; com a mesma educação assegurada a qualquer criança do Brasil, independente da renda de sua família; com a garantia de que todos os brasileiros terão os serviços de saúde com a mesma qualidade; com uma economia capaz de inovar e adaptar-se ao novo tempo em que o capital é o conhecimento.


Leonel Brizola
Foto: Viva Brasil


A Campanha da Legalidade se faz hoje usando as redes sociais, com manifestações contra a corrupção no comportamento dos políticos e contra a corrupção nas prioridades das políticas que desviam recursos dos projetos prioritários para o povo e para o país, em beneficio de minorias já privilegiadas. A Legalidade não foi completada, por isso não ficou desnecessária, e esta é a razão que leva jovens às ruas, 50 anos depois de ser sido iniciada no Rio Grande do Sul.





Alccy Marthins
Twitter: @alcy_martins