terça-feira, 23 de julho de 2013

KATE E WILLIAM RECEBEM O FUTURO REI DA INGLATERRA

Um dos futuros reis da Inglaterra, acaba de nascer.

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23/7 - Willian segura seu filho pela primeira vez em público (Foto: Lefteris Pitarakis/AP)William segura seu filho pela primeira vez em público (Foto: Lefteris Pitarakis/AP)









O bebê real, filho do Príncipe William e de Kate Middleton, a duquesa de Cambridge, fez nesta terça-feira (23) sua primeira aparição pública em Londres.








A família saiu do hospital com o bebê pouco depois das 18h locais, para a tradicional apresentação do possível futuro rei ao público e à imprensa. O menino, nascido na véspera no hospital St. Mary, tornou-se o terceiro na linha de sucessão do trono britânico, atrás do avô, Charles, e do próprio pai, William. Veja como fica a linha de sucessão à Coroa britânica. 

Os dois novos pais, que receberam a visita dos quatro avós maternos e paternos à tarde, reeditaram o gesto de Charles e Diana, que haviam apresentado seu primeiro filho, o príncipe William exatamente no mesmo local, há trinta anosApós exibirem o pequeno príncipe de Cambridge para os fotógrafos, o Príncipe William disse que o casal ainda está "se decidindo" sobre o nome do bebê.Nas casas britânico 'Parece com ela, por sorte' "É um bebê grande, pesa bastante e já tem mais cabelo que eu", disse. "Parece com ela, por sorte." 

Sorridente e brincalhão, de camisa azul clara, ele afirmou que o casal está "muito emocionado" com o nascimento do bebê e brincou sobre o choro do futuro rei: "Ele tem um bom par de pulmões, isso é certo", disse. 'Momento especial' A duquesa de Cambridge, com um vestido azul de bolinhas, sorriu e acenou para a multidão entusiasmada, segurando seu filho, envolto em um manto branco. "É um momento especial", disse Kate. "Creio que qualquer pai de primeira viagem sabe o que se sente." Depois, ela passou o bebê para o marido. Após a apresentação, o casal voltou ao hospital, e logo em seguida partiu, de carro, para o Palácio de Kensington, sua residência oficial londrina. O bebê foi colocado em uma cadeirinha especial, na parte de trás do carro.


Close do rosto do bebê real (Foto: Peter Macdiarmid/Getty Images)Close do rosto do bebê real (Foto: Peter Macdiarmid/Getty Images)









Pouco antes da saída do casal e do bebê, estiveram no hospital o pai de William, Príncipe Charles, e sua madrasta, Camilla Parker-Bowles. Antes, os pais de Kate estiveram no localO nascimento do bebê, ocorrido na véspera, foi bastante celebrado no país.

23/7 - Kate carrega seu filho pela primeira vez em público (Foto: Lefteris Pitarakis/AP)Kate carrega seu filho pela primeira vez em público (Foto: Lefteris Pitarakis/AP)
23/7 - Filho de Kate e William deixa o hospital nesta terça (Foto: John Stillwell/AFP)Filho de Kate e William deixa o hospital nesta terça (Foto: John Stillwell/AFP)
23/7 - William carrega seu filho para dentro do carro ao deixar o hospital (Foto: Carl Court/AFP)William carrega seu filho para dentro do carro ao deixar o hospital (Foto: Carl Court/AFP)
23/7 - William acena para a imprensa que aguardava a aparição do seu filho (Foto: Leon Neal/AFP)William acena para a imprensa que aguardava a aparição do seu filho (Foto: Leon Neal/AFP)
23/7 - William e Kate sorriem ao apresentar seu filho para a imprensa (Foto: Lefteris Pitarakis/AP)William e Kate sorriem ao apresentar seu filho para a imprensa (Foto: Lefteris Pitarakis/AP)
23/7 - Kate passa o filho para as mãos de William (Foto: Stefan Wermuth/Reuters)Kate passa o filho para as mãos de William (Foto: Stefan Wermuth/Reuters)
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arte árvore genealógica família real v. 2 (Foto: 1)


segunda-feira, 22 de julho de 2013

JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE NO BRASIL: MUITAS EXPECTATIVAS, NOVAS ESPERANÇAS.

O Papa Francisco é iluminado por luz vermelha durante evento no Salão Paulo VI, no Vaticano, em junho (Foto: AP)
O Papa Francisco é iluminado por luz vermelha durante
evento no Salão Paulo VI, no Vaticano, em junho (Foto: AP)







Longe dos aposentos espaçosos do antecessor e mais próximo dos fiéis,Papa Francisco mostra um conjunto de gestos que aos poucos se transforma em mensagem do seu pontificado,segundo vaticanistas e estudiosos da religião ouvidos pelo G1.
Para eles, se a crise da Igreja Católica coubesse apenas dentro da clássica lista dos sete pecados capitais, Francisco já teria dado exemplos diretos de como encontrar as primeiras saídas.


Os sete pecados capitais, listados por Tomás de Aquino e utilizados na Divina Comédia por Dante Alighieri, resumem concepções teológicas daquilo que os fiéis devem evitar. O novo Papa, que já se disse pecador, afirmou em maio que admitir os erros é o primeiro passo. Para os especialistas, Francisco tenta mostrar na prática como iniciar a caminhada.

Veja abaixo a análise dos especialistas:
1. Soberba

Pecado associado ao orgulho excessivo, arrogância e vaidade
Os especialistas afirmam que, desde seu primeiro ato após a eleição, Francisco busca a contramão da soberba. Para o doutor em religião pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo Eulálio Figueira, traços desse pecado aparecem quando representantes da Igreja Católica a proclamam como a única capaz de oferecer a salvação ou se fecham para o diálogo com outras religiões.
O cientista da religião Afonso Ligorio concorda com a avaliação. “A cúpula da Igreja se acha melhor do que o fiel comum. É autoritária, com excesso de doutrinas, ensina dando ordens, mandando teólogos calarem a boca”, disse.
Figueira lembra que, quando o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, já eleito Papa em 13 de março, foi apresentado à multidão na Praça de São Pedro, ele pediu orações do povo ali presente e se inclinou. “Demonstrou naquele momento que não é autossuficiente, ou seja, não consegue atuar sozinho e que vai precisar da ajuda de todos”, avalia.
Ao longo de quatro meses de pontificado, Francisco recebeu lideranças de outras religiões, inclusive na posse. Brenda Carranza, doutora em sociologia da religião da PUC-Campinas, cita ainda a amizade de 20 anos entre o Papa Bergoglio com o rabino Abraham Skorka. “[Um Papa] ter um amigo judeu significa que é capaz de dialogar com pessoas diferentes, aceitar posturas não cristãs. Isso significa a valorização da diferença”, conta.

2. Gula

Desejo insaciável, em geral por comida. É também relacionado ao egoísmo humano e ao consumismo
O pecado da gula, o ato de comer e beber em excesso, é relacionado pelos especialistas com alguns comportamentos dentro da Igreja Católica, sobretudo com o que chamam de "egoísmo".
Para os estudiosos, parte do clero costuma cair em tentação e buscar autossatisfação em vez de atuar pelo próximo. Na avaliação, os estudiosos também ligam a raiz desse pecado à interferência do consumismo e à espetacularização das atividades dentro da igreja, que transformam a religião em "diversão”.
Brenda Carranza aponta a busca por consumo de produtos católicos, como CDs e DVDs de padres religiosos, como comportamento que pode levar o fiel simplesmente ao espetáculo, sob o risco de o afastar do propósito único da religião, que é dar sentido à vida.
“Essa espetacularização da igreja é deixar-se ser tragado pelo falso aplauso da massa. Hoje, os heróis dos seminaristas são os padres midiáticos e não os antigos bispos que lutavam, como Dom Helder Câmara (arcebispo emérito de Olinda e Recife, que morreu em 1999) ou Dom Paulo Evaristo Arns (cardeal e arcebispo emérito de São Paulo)”, complementa Afonso Ligorio.
Para ambos, Francisco estaria sinalizando uma “cura” para esta variação da gula quando, em audiência pública realizada em maio, admite-se pecador, ato que simbolizaria um processo de reformulação da igreja que deve ser mais voltada à humildade e simplicidade.


Quanto ao pecado literal da gula, o historiador Leandro Karnal, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), lembra que o Papa pediu para a visita ao Brasil que sejam servidas refeições simples, preparadas por freiras e não por chefs de cozinha, já acostumados com grandes banquetes.


  • 3. Avareza
Apego exagerado  ao dinheiro, desejo de adquirir bens materiais e acumular riqueza
Para Eulálio Figueira, o Papa critica a opulência na Igreja Católica ao escolher morar na Casa Santa Marta (uma espécie de pousada para sacerdotes no Vaticano) em vez de optar pelos tradicionais aposentos papais. Também cita a adoção de vestes e paramentos litúrgicos mais simples nas cerimônias – deixa de usar os famosos sapatos vermelhos, chamados de múleo, e troca o anel do pescador de ouro por um de prata.


Para Figueira, a criação de uma comissão especial para fiscalizar as atividades do Banco do Vaticano, garantindo que ele opere com a missão da igreja, é um outro exemplo positivo.

Brenza Carranza explica também que, ao visitar a ilha italiana de Lampedusa e lembrar os imigrantes ilegais que perderam a vida em travessias rumo à Europa, o Papa Francisco quis “acertar em cheio as leis contra migração da União Europeia” e “denunciar as grandes concentrações de renda do primeiro mundo”.


4. Ira

Sentimento intenso e descontrolado de raiva, que torna a pessoa furiosa, irada
O pecado da ira ou raiva na Igreja Católica é associado ao conservadorismo da instituição, que, segundo especialistas, limita o diálogo inter-religioso e é muitas vezes associado à intolerância religiosa, exclusão social ou de gênero. Afonso Ligorio, da PUC-SP, cita a perseguição, repreensão e, em alguns casos, até a excomunhão de teólogos católicos como uma forma violenta e desnecessária de ação da cúpula católica.
Para os especialistas, a mansidão do Papa Francisco em suas falas voltadas ao "pecador que tem o poder" está entre os exemplos que podem influenciar o futuro do catolicismo. Brenda Carranza cita também uma abertura maior às mulheres na igreja proposta pelo Papa e nos movimentos litúrgicos, além da inclusão de uma economista dos EUA na investigação do Banco do Vaticano.
Um sinal de mudança também, segundo ela, é quando o Papa lava os pés de prisioneiros de um centro de detenção juvenil em Roma, durante a celebração da Quinta-feira Santa.

5 - Luxúria

Desejo e valorização extrema aos prazeres carnais e materiais
Escândalos causados por crimes de pedofilia cometidos por sacerdotes em diversas partes do mundo e a descoberta do chamado “lobby gay”, uma suposta trama de corrupção, sexo e tráfico de influências no Vaticano, mancharam a reputação da Igreja Católica.
Jornais italianos apontaram investigações nos bastidores da Santa Sé a grupos especializados em desmontar carreiras dentro da hierarquia vaticana e que aproveitavam recursos multimilionários para interesses próprios. Conflitos descritos como lutas internas por poder e dinheiro, assim como "chantagens" baseadas em fraquezas sexuais
O Papa Francisco reconheceu a existência de um "fluxo de corrupção" e do lobby gay, e a necessidade de agir contra os crimes de pedofilia na instituição, de acordo com Afonso Ligorio. “A melhor cura para isso é a transparência”, explica.
Além disso, assinou em julho um decreto que endurece as sanções penais a quem cometer abusos contra menores na Santa Sé e na Cúria - uma reforma do código penal do Estado da Cidade do Vaticano que introduz o crime de tortura e reforça e amplia a definição dos delitos contra menores, entre eles a pornografia infantil e o abuso sexual.
“Ele retira qualquer tipo de imunidade e privilégios para o seu clero (...) coloca a luxúria para além do pecado, a coloca num plano ético, porque é um abuso e afeta os direitos das relações”, disse Brenda Carranza.

6 - Preguiça

Falta de vontade para o trabalho ou atividades importantes
A manutenção da Cúria Romana, como é chamada a burocracia do Vaticano, em um formato que impulsiona o carreirismo entre padres, bispos, arcebispos e cardeais é uma das principais críticas feitas por especialistas, já que são sacerdotes que não conhecem o povo e não sabem das suas necessidades.
Francisco tenta quebrar esse comportamento associado à "preguiça" no clero já nas suas audiências públicas, quando entra em contato com os presentes na Praça de São Pedro – deixando atordoados seus seguranças.
É uma mensagem, segundo João Décio Passos, para que a Igreja Católica “deixe de ser babá, passe a ser mãe”, uma analogia ao fato de deixar o leigo sob os seus cuidados em vez de lançá-los ao mundo, em missão.
Eulálio Figueira cita ainda que Francisco está preocupado com este ponto e, por isso, escolheu um grupo de oito cardeais “para colocar ordem na casa”. O grupo vai assessorá-lo no governo da Igreja e estuda um projeto de reforma da Constituição sobre a Cúria. Eles iniciarão sua primeira reunião entre 1º a 8 de outubro.

7 - Inveja

Sentimento de tristeza que gera o desejo de ter o que o outro tem
Para os especialistas, um dos sinais de que a inveja existe nos bastidores da Igreja Católica é a existência do carreirismo em sua hierarquia. É considerado um pecado institucional pelo historiador Leandro Karnal. Também para Brenda Carranza, essa disputa por cargos transforma a Cúria Romana em um ambiente corporativista “que leva à manifestação da inveja”.
Francisco assume deixando claro aos que trabalham com ele que “não quer bispos carreiristas”, de acordo com Afonso Legorio. “Ele está quebrando a espinha dorsal dessa corrupção interna na Cúria. Agora, não sei até onde ele consegue”, explica.
Eulálio Figueira cita um exemplo de humildade do novo pontífice ao assinar a encíclica “A luz da fé” (Lumen fidei) com o Papa Emérito Bento XVI. Para ele, isso indica ao clero para que haja cooperação dentro da igreja, e não disputas.

Alccy Marthins


sexta-feira, 19 de julho de 2013

BANCO CENTRAL: GUIDO MANTEGA ABRE O JOGO SOBRE A ECONOMIA BRASILEIRA


Ministro da Fazenda, Guido Mantega, sorri durante entrevista à agência Reuters (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters) 
Guido Mantega sorri durante entrevista à agência Reuters
 (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)


A economia brasileira pode crescer entre 2,5% e 3% em 2013, afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em entrevista à Reuters, diante de um cenário de instabilidade que abateu os mercados recentemente e depois das manifestações populares que eclodiram em todo o país. Até então, as contas dele apontavam para expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 3%.


A volatilidade mundial no câmbio originada pela comunicação inicial "não organizada" do Federal Reserve - banco central norte-americano - e os protestos por aqui afetaram a atividade doméstica no segundo trimestre, cujo crescimento tende a ficar próximo ou um pouco acima da alta de 0,6% ocorrida no primeiro trimestre, segundo Mantega.


Mantega disse que o objetivo é formar um colchão de reserva para cobrir eventual descumprimento por Estados e municípios da meta de superávit primário - a economia feita pelo governo para pagamento dos juros da dívida pública. O ministro deixa aberta a possibilidade de recompor alguns tributos e ampliar a atual previsão de R$ 45 bilhões em abatimento da meta em 2013, por investimentos e desonerações. 


Mentor financeiro do programa de concessões de infraestrutura, tido pelo governo como essencial na recuperação econômica, Mantega defendeu ainda que as taxas de retorno fixadas para os principais empreendimentos representam uma "belíssima" oportunidade de negócio, sinalizando que os percentuais não serão alterados.


Veja os principais trechos da entrevista, concedida na noite de quinta-feira (18).

- Ministro, o sr. vai entregar o primário de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano ou esse percentual ainda pode ser ajustado?
MANTEGA - O governo brasileiro tem entregue resultado excepcional em todos esses anos de modo que as contas brasileiras estão cada vez melhores, porque medimos as contas públicas pela dívida do país, que vem caindo, temos feito superávits primários maiores que a maioria dos países. Acho engraçado colocarem em dúvida nossa solidez fiscal. É claro que temos que permanecer vigilantes e termos resultado cada vez melhor dentro das circunstâncias. Em períodos de crise como esse dos últimos quatros anos e meio, é feito um resultado menor porque o Brasil usa política anticíclica. Nesse período boa parte dos países aumentou endividamento. No Brasil, estamos com déficit nominal controlado, que neste deverá ficar torno de 2,4%, 2,3% do PIB.


- O economista Delfim Netto e outros economistas dizem que governo poderia adotar metas de primário de curtíssimo prazo. O senhor tem avaliado isso?
MANTEGA - Trabalhamos todo ano com metas, a meta máxima e os descontos que podemos fazer. Nossa meta também é reduzir o déficit nominal, que tem sido conseguida. Agora, num momento de crise, em que se faz anticíclico, é muito difícil falar em déficit nominal zero.


- Por que a meta cheia de superávit primário de 3,1% do PIB não será cumprida este ano?
MANTEGA - Esse ano vamos ter crescimento maior que o de 2012 (que foi de 0,9%), mas ainda não será crescimento que fará a arrecadação crescer como deveria, como entre 2006 e 2008. Estão vigorando desonerações que adotamos no ano passado e retrasado, como desoneração da folha. A arrecadação não é tão forte e fizemos desoneração, não é por causa do gasto (que a meta cheia não será cumprida). Teremos resultado que manterá a dívida em queda. A questão fiscal é permanente, o governo tem que buscar reduzir despesa de custeio.


- Haverá mais desonerações?
MANTEGA - Não tenho margem para cortar impostos.


- Vai haver aumento de tributos para melhorar a arrecadação?
MANTEGA - As desonerações gerarão resultados na economia neste e nos próximos anos porque reduzem custos. E uma parte dessas desonerações, como folha e PIS/Cofins, não voltará (a ser como antes). As desonerações que podem voltar são o IOF e o IPI, que são tributos regulatórios.


- Quando o sr. diz ´voltar´, está dizendo que desonerações como a do IPI da linha branca não serão prorrogadas?
MANTEGA - Não vou falar especificamente porque essas questões mexem com o mercado. Estamos numa linha de recompor impostos sobre o consumo e isso já está acontecendo.


-  Quanto o senhor fala de IOF, é o que incide sobre o crédito?
MANTEGA - O IOF incide sobre várias coisas, inclusive sobre o crédito... Estava dizendo quais são os tributos que podem ser recompostos, mas eu não vou antecipar porque isso interfere no mercado. No caso do IPI, já tem uma programação.


- Então, para os outros tributos também pode ter uma programação...
MANTEGA - O IOF também é muito usado como regulador. Por exemplo, nós baixamos o IOF agora para aplicações em renda fixa, aplicações em renda variável e tomada de crédito lá fora para nos adaptarmos às condições.


- O novo corte no Orçamento que o governo pode ficar próximo de R$ 10 bilhões?
MANTEGA - Não vou falar o dado, mesmo porque não temos o número final, mas será o corte que pode ser feito nessas circunstâncias e que vai fortalecendo o resultado primário. Com as condições de hoje, temos garantido o primário do governo central.


- Então qual o objetivo desse novo corte de gastos?
MANTEGA - O objetivo é criar um colchão, uma reserva de primário para caso os Estados e municípios não venham a fazer sua parte... Até agora, já fizemos mais da metade da meta que temos que cumprir. Os governos estaduais estão um pouco abaixo, fizeram menos da metade, mas têm a chance de fazer até o fim do ano.


- O senhor pode aumentar para acima de R$ 45 bilhões o desconto na meta de primário neste ano? O governo tem essa margem porque a lei prevê até R$ 65,2 bilhões...
MANTEGA - A lei permite e nós trabalhamos com uma perspectiva de R$ 45 bilhões, foi montado assim. Agora, depende do desempenho dos governos estaduais. Se eles cumprirem a parte deles, está fechado nessa base. Mas, por via das dúvidas, como poderão frustrar uma parte, é por isso que faremos corte.


- O corte de gasto pelo governo pode ser um problema para o crescimento?
MANTEGA - Não acredito, porque não vamos cortar investimento, vamos cortar gastos de custeio menos essenciais, que são funcionamento das máquinas. Em compensação, acreditamos que com essa conduta haverá confiança maior do mercado para fazer investimentos.


- Haverá corte das emendas parlamentares?
MANTEGA - Não está previsto corte nas emendas.


- No lado da receita, o sr. espera um bom resultado da receita de concessões de infraestrutura previstas para os próximos meses?
MANTEGA - Sim.


- O último decreto possuía a previsão de receita para o governo de R$ 15 bilhões com as concessões?
MANTEGA - O último relatório de despesa e receita não estava com clareza o campo (de petróleo) de Libra. Não vou falar em números, mas posso dizer que o número do relatório era inferior ao valor do campo de Libra, que foi definido recentemente.


- Então vai entrar uma receita adicional e que ajudará nas contas?
MANTEGA - Claro que ajuda.


- A Petrobras tem de entrar com o mínimo de 30% participação nos lotes do leilão do campo de Libra. Então, no mínimo, ela responderá por 30% do bônus. A Petrobras vai pagar isso com caixa próprio ou o Tesouro ajudará a compor esse capital?
MANTEGA - Não tem nada a ver Tesouro com Petrobras e não estou falando como presidente do Conselho da Petrobras e não posso revelar nenhuma intenção da companhia, o que vai fazer ou deixar de fazer. O que sabemos é que a lei diz que a Petrobras pode exercer 30% e é a operadora do campo, então a Petrobras viabilizará isso do jeito que puder.


- O governo está tentando recuperar a confiança dos agentes do mercado?
MANTEGA - Vamos colocar as coisas em seus devidos termos. O que abalou a confiança dos mercados ultimamente foi a ação do Federal Reserve, que criou um estresse financeiro na economia mundial quando começou, de forma não muito organizada, a anunciar que iria desativar os estímulos monetários. Aqui (no Brasil) não faltava confiança.


- E essa mudança na política do Fed é um problema?
MANTEGA - O problema não é da mudança em si, que é positiva. Acho positivo que os Estados Unidos diminuam sua injeção de dólares no mercado. A questão é que essa transição para um estímulo menor tem que ser bem administrada. E, felizmente, o Ben Bernanke (chairman do Fed) fez boas declarações, dando maior clareza sobre como isso ocorreria.


- O discurso do Fed não tem sido bem compreendido?
MANTEGA - O mercado sempre exagera e se antecipa. Quer adivinhar o que vai acontecer para lucrar e quem sai na frente é quem lucra mais, e essa é a regra do mercado. No início, o Fed foi pouco claro na trajetória, muitos diretores falaram ao mesmo tempo às vezes em direções confusas e contraditórias, mesmo a ata do Fed não era clara, dava margem a várias interpretações.


- O que aconteceu nesse período?
MANTEGA - Isso paralisou os negócios financeiros, paralisou IPOs (ofertas iniciais de ações), causou problemas, incertezas num cenário em que a economia mundial não está bem.


- Isso mudou nos últimos dias?
MANTEGA - Na quarta-feira, Bernanke fez pronunciamento mais claro dizendo que não iria necessariamente diminuir estímulos no curto prazo... Com isso os mercados se acalmaram. Porque quando há volatilidade no câmbio, isso atrapalha todos os negócios.


- O sr. acha que isso levará a uma menor volatilidade?
MANTEGA - Essa semana já tivemos menos volatilidade. Não sei se a volatilidade vai terminar, porque isso depende das próximas declarações e do que os mercados entenderam. Acho que deu uma acalmada.


- E qual será a consequência para o Brasil?
MANTEGA - Quando acalmar, teremos a volta de aplicações financeiras para o Brasil em renda fixa e para a bolsa, porque quando do dólar se valoriza, a aplicação externa pode perder recursos no Brasil.


- Isso acontecerá ainda em 2013?
MANTEGA - Acontecerá em algumas semanas. Sinto que podemos estar no início de uma superação dessa turbulência. Não tenho certeza, mas os sinais são positivos.


- O que ocorrerá com o câmbio nas economias emergentes?
MANTEGA - Os câmbios dos países emergentes não voltarão aos patamares anteriores, ficará todo mundo com um câmbio um pouco mais desvalorizado do que estava antes do início dessa turbulência e teremos competitividade maior para exportamos para os EUA.


- O Brasil fica em situação melhor?
MANTEGA - Sim, nossas exportações vão ficar mais baratas.


- O dólar ficou hoje (quinta-feira) em torno de R$ 2,22. É um patamar bom para a indústria ou há muitos riscos?
MANTEGA - Diria que os empreendedores brasileiros tem hedge. Não tivemos o problema de derivativos que tivemos em 2008, dessa vez não houve nenhum problema. Nós oferecemos liquidez, o Banco Central fez swap e fez também leilão de linha de crédito em dólar.


- Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC apontou que o dólar valorizado pressiona a inflação. Como o sr. vê isso?
MANTEGA - Por definição, quando se desvaloriza o câmbio, pressiona a inflação. Não sabemos qual 'pass trough' disso. Como estamos com economia mundial com crescimento baixo e esse movimento dos EUA diminui aplicações em commodities e aí caem um pouco, então a tendência no mundo é desinflacionária. Por enquanto, estamos com um mês de elevação do câmbio e até agora a inflação está caindo.


- A inflação foi uma das causas do abalo na confiança no país?
MANTEGA - Sim. A inflação causa temor, dificulta planejamento das empresas, causa perturbação da economia e, por isso, tem que ser combatida... Foi talvez o maior problema que enfrentamos no primeiro semestre, felizmente isso está sendo superado.


- O fato de o BC ter sido mais agressivo do que parte do mercado esperava é uma das reações com efeito nas expectativas?
MANTEGA - O BC fez o que tinha que fazer e isso também ajuda a recompor as expectativas. É preciso combater a inflação mesmo a custa de sacrifícios e juros altos. Isso foi feito. A inflação está sob controle, sempre esteve sob controle, teve um surto e as pessoas só acreditam depois que cai mesmo.


- Se o BC subir os juros no ritmo que está sendo feito, há a preocupação de esfriar a economia?
MANTEGA - Estamos hoje com os juros reais mais baixos da história do país. Para frear a economia, causar recessão, é preciso uma taxa muito elevada e não sei se eles vão fazer, pergunte a eles.


- O que o sr. espera do crescimento para o segundo trimestre?
MANTEGA - O crescimento começou bem no ano, fizemos 0,6% no primeiro trimestre. O segundo trimestre ia bem, porém tivemos esse evento do Fed e também tivemos as mobilizações sociais. Isso segurou um pouco o crescimento. A trajetória foi alterada, era mais positiva. Temos que esperar o segundo semestre, que terá muitos fatos positivos.


- Quais são esses fatores positivos?
MANTEGA - A inflação para baixo, as concessões, a produção da Petrobras aumentará. A queda da inflação tem influência sobre o consumo, porque quando sobe, o consumo cai. Depois os dissídios salariais recompõem o poder de compra, haverá recomposição (da renda) e o consumidor voltará a ter capacidade de consumo.
- Qual é a previsão do sr. para o PIB do segundo trimestre?
MANTEGA - Não arrisco uma previsão porque houve perturbação inesperada, não sei qual o resultado econômico de junho, só tenho dados até maio. Mas não deve ser muito diferente do resultado do primeiro trimestre, pode ser um pouco melhor.


- O governo tem esperança de que o segundo semestre vai ser melhor. Mas no lado fiscal não há mais espaço para estímulos. É isso?
MANTEGA - Não temos (espaço para mais estímulos). Agora, nós demos os estímulos e eles estão presentes, como o custo da energia elétrica reduzido... O cenário só não é mais favorável porque a economia internacional não deixa, porque o comércio internacional está parado.


- Parece que o governo não tem mais armas para dar estímulos à economia...
MANTEGA - Nós usamos as armas e estão surtindo efeito. Não é que não temos mais armas.... Mesmo em um cenário internacional adverso temos chances de crescer um pouco mais. Não estou achando que vamos crescer uma fábula, 6 , 8%. A economia internacional nos tira 1,5% do crescimento potencial que teríamos.


- O PIB potencial do Brasil é 3%?
MANTEGA - Diria que hoje nosso PIB potencial é 4%, embora este ano nós não cresceremos 4%. Mas teremos um potencial para isso.


- Se o sr. vê o PIB potencial em 4% e se a economia mundial tira 1,5% desse crescimento, estamos falando de um crescimento de 2,5% este ano?
MANTEGA - Os dados não são precisos, mas pode ser entre 2,5% e 3%, pode ser.


- O governo pode aumentar a taxa de retorno das concessões em infraestrutura que está preparando?
MANTEGA - Para rodovias, há uma belíssima taxa de retorno e negociei isso. Sentamos na mesa com todas as concessionárias, discutimos e todos disseram que é atraente do jeito que está... O primeiro lote de ferrovia, cuja licitação vai sair mais rápido, fixamos em 8,5% a taxa de retorno do projeto, a do investidor é em torno de 15%. É uma excelente taxa de retorno... Estamos oferecendo condições de financiamento muito favoráveis.


- A situação internacional pode afetar o financiamento desses projetos?
MANTEGA - Afeta um pouco, porque não vamos conseguir fazer todas essas concessões só com capital nacional, precisaremos de capital externo... e neste momento o mercado internacional está um pouco estressado. Mas a tendência é que o mercado internacional se normalize e tenhamos investidores, porque o negócio é bom e rentável.



Reuters


Espero realmente que o Brasil tome um rumo certo.



Alccy Marthins