sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

DESABAMENTO DE PRÉDIOS NO RIO DE JANEIRO


Após a localização do corpo da 11ª vítima do desabamento de três prédios no Centro do Rio de Janeiro, o secretário estadual de Defesa Civil, coronel Sérgio Simões, afirmou na tarde desta sexta-feira (26) que não crê que possa retirar pessoas com vida dos escombros. "Lamentavelmente, não acreditamos em sobreviventes. Eu preciso dizer que a gente não trabalha mais com a possibilidade de sobreviventes", lamentou. "Todos os corpos estavam muito machucados. Esse cenário mostra para gente que houve um impacto muito forte da estrutura. Não retiramos nenhum corpo que não tivesse com algum tipo de trauma", explicou Simões.



Ainda de acordo com o coronel, a localização dos corpos indica que as vítimas tentavam sair do prédio quando houve o desmoronamento. "Finalmente, entramos na parte onde nós acreditávamos que houvesse o maior número de corpos. O que nos faz pensar que as pessoas tentaram sair em razão da proximidade com a caixa de escada. Esses últimos estão próximos da escada e do corredor, tentaram sair. A gente começa a imaginar que o prédio deu sinais de desabamento e houve um momento que as pessoas tentaram sair dele", explicou o secretário.



Simões afimou ainda que os bombeiros trabalham sob risco iminente. "A dificuldade agora é porque estamos numa área mais perigosa. Todos os pesadões de concreto do prédio, o original para que que não se desordenassem, eles ainda estão em partes altas da edificação. Na medida em que mexemos com as máquinas, essas peças podem cair e machucar algum bombeiro", afirmou. "Não temos previsão de acabar as buscas. O planejamento é que até domingo de manha encerremos as buscas", completou o coronel.




No primeiro dia de buscas, cinco corpos foram resgatados. Nesta sexta-feira pela manhã, outros quatro corpos foram encontrados, sendo que o primeiro foi achado pelas equipes ainda durante a madrugada. Os outros corpos foram encontrados nesta tarde.



Segundo a Polícia Civil, cinco vítimas haviam sido identificadas até as 13h: Alessandra Alves Lima, de 29 anos, Celso Renato Braga Cabral, de 46 anos, Margarida Vieira de Carvalho, de 65, Nilson de Assunção Ferreira, de 50 anos, e Cornélio Ribeiro Lopes, de 73.



Sob aplausos, Celso Cabral foi enterrado nesta manhã em Niterói. Além das vítimas relacionadas oficialmente pela Polícia Civil, parentes também dizem já ter identificado o corpo do catador de lixo Moiséis Moraes da Silva.
 
 


O acidente deixou seis feridos. De acordo com a Secretaria municipal de Saúde, o quadro mais grave é o da única pessoa que segue internada. Ela é uma mulher que teve lesão no couro cabeludo, passou por cirurgia e foi transferida para um hospital particular.
 

Buscas continuam
 
Não foi divulgada uma lista oficial ou até mesmo o número exato de pessoas procuradas. O secretário municipal de Assistência Social, Rodrigo Bethlem, disse que representantes de 26 famílias procuraram notícias de desaparecidos.  "Pode haver gente sendo procurada que não esteja aqui nos escombros", afirma.



O subcomandante geral do Corpo de Bombeiros, Ronaldo de Alcântara, chegou a afirmar na manhã desta sexta que as equipes trabalham com a possibilidade de haver 23 desaparecidos. Ele disse acreditar que os procurados possam estar concentrados em pontos próximos nos escombros.

 

Na madrugada desta sexta, o secretário estadual de Defesa Civil, coronel Sérgio Simões, informou que as buscas vão continuar por mais 48 horas. "Esse é um prazo que eu estou me impondo para encerrar as buscas", disse o coronel. Segundo ele, após esse prazo, o trabalho de retirada dos escombros será de competência da prefeitura.



Para Simões, o modo como o desabamento parece ter ocorrido dificulta ainda mais as buscas. "O volume de material é muito grande. A essa altura já era para nós termos encontrado mais corpos, mas a sobreposição das lajes efetivamente é um dificultador", avaliou.
 

Polícia abre inquérito
 
A Polícia Civil abriu inquérito para apurar as responsabilidades do desabamento. Na quinta-feira (26), o titular da 5ª DP (Mem de Sá), delegado Alcides Alves Pereira, ouviu sete testemunhas e dois policiais que prestaram socorro às vítimas logo após o colapso das estruturas.



O desabamento ocorreu por volta das 20h30 de quarta. Um prédio de 20 andares, outro de 10 e um imóvel de cinco pavimentos ficaram em ruínas. O trânsito nas ruas situadas nas imediações do Theatro Municipal permanece interditado.



No momento da tragédia, testemunhas disseram ter ouvido a estrutura do edifício estalar antes de ir ao chão. Sobreviventes relataram momentos de desespero. Um vídeo de câmera de segurança mostrou correria na avenida antes de a poeira do desabamento tomar a região.

 

Para o prefeito Eduardo Paes, a principal hipótese é que o desabamento tenha sido causado por um dano estrutural, já que não há informações sobre explosão ou vazamento de gás. O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) informou que obras "ilegais", sem registro no conselho ou na prefeitura, eram realizadas no prédio de 20 andares.
 


Reforma questionada
 
O advogado Gerlado Beire Simões, que representa o síndico do edifício Liberdade, Paulo Renha, o maior dos três prédios que desabaram, afirmou que seu cliente recentemente havia pedido documentos sobre as reformas em dois andares. Conforme o advogado, duas reformas eram realizadas no prédio, uma no 3º e uma no 9º andar, pela maior empresa do prédio, a TO - Tecnologia Organizacional.

 

O engenheiro Paulo Sérgio Brasil, que acompanhou uma obra da TO no 3º andar do prédio, negou alterações estruturais na reforma. “Não tinha viga. Já vi muita gente falar, mas não conhecem a estrutura do prédio. Todos os pilares são externos. No meio, não tem pilar, não tem viga”, argumenta.
 

Luto de três dias
 
O governador Sérgio Cabral decretou luto oficial de três dias no estado do Rio de Janeiro em memória dos mortos. De acordo com o governo do estado, o decreto será publicado no Diário Oficial do Estado desta sexta. A assessoria de imprensa da Prefeitura informou que o município fará o mesmo.
Mapa detalhado dos prédios do desabamento no Rio (Foto: Arte G1)