quinta-feira, 14 de julho de 2011

HARRY POTTER UMA MAGIA QUE SE TORNA REALIDADE

Dos livros para os campos do Rio de Janeiro. O quadribol – esporte fictício que ficou famoso nas páginas da série “Harry Potter”, cujo último filme estreia nesta sexta (15) – ganhou fãs pelo mundo e inspirou jovens a criar times e até competições internacionais. No Brasil não foi diferente. Um grupo de fãs cariocas montou uma equipe oficial e realiza partidas pelo menos uma vez ao mês.






De acordo com Marcus Vinícius Garcia, atleta da equipe carioca, mais que um esporte, os jogos são uma maneira de reunir os fãs. “Eu sempre gostei do quadribol, desde que comecei a ler os livros. Eu me imaginava recebendo uma carta de Hogwarts [escola para bruxos nos livros] e jogando quadribol, sendo o artilheiro do time”, disse ele.

A paixão dos fãs pelo esporte - uma mistura de rugby com futebol americano e queimada - foi tanta que, em 2001, a autora lançou o livro “Quadribol através dos séculos”, contando a história da modalidade fictícia. O livro, aliás, é citado na série e é leitura obrigatório dos times de quadribol de Hogwarts, escola de bruxos onde se passa a maior parte da saga.



Não tardou para que os pottermaníacos criassem a versão terrestre do esporte, batizada como “quadribol dos trouxas” - nos livros, o termo "trouxa" é usado para se referir a quem não nasceu bruxo. Atualmente, há mais de mil times em 13 países.


“Como no original os bruxos voam em vassouras, no nosso quadribol a gente joga no chão. Os jogadores devem segurar uma vassoura entre suas pernas, como bruxos montados e prontos para decolar, mesmo sabendo que as vassouras não voam na nossa realidade. É assim que se deve jogar”, diz o fã Heliphas Amorim, de 20 anos, vestido com o uniforme da Sonserina, uma das "casas" de Hogwarts.

Regulamento
Para jogar “quadribol dos trouxas” é preciso de, pelo menos, sete jogadores em cada time, divididos entre apanhador, artilheiro, batedores e goleiros. Um outro atleta, vestido de amarelo, representa o “pomo de ouro” -- que no livro é uma pequena bola dourada. O jogo termina quando o apanhador consegue capturar o pomo, algo que lembra o tradicional pega-pega.

O estudante Victor Stutz, de 21 anos, faz o papel do pomo de ouro nas partidas. Ele contou que o interesse pelo esporte dos bruxos surgiu através dos filmes. “A gente tenta trazer tudo do mundo da J.K Rowling para a nossa realidade. E com o quadribol foi possível. A gente sempre realiza as partidas nos encontros. Cada jogo dura cerca de dez minutos”, disse ele, vestido como aluno da Sonserina, uma das “casas” (como são chamados os alojamentos) de Hogwarts.


Com as vassouras entre as pernas, os jogadores correm arremessando bolas (conhecidas como balaços) uns nos outros, como num jogo de queimada. A função dos artilheiros é acertar uma outra bola (chamada de goles) em um dos três aros nas extremidades do campo. Enquanto isso, o “pomo de ouro” corre pelo campo sem rumo.


“Eu sempre achei fascinante o fato de a gente pegar algo não real e tentar transformar para o real, e quando eu fiquei sabendo que iriam jogar quadribol eu falei: ‘opa, eu quero jogar’. Escolhi a posição de artilheiro porque eu gosto muito dos Weasleys, principalmente da Gina, que fica com o Harry, e então eu optei por jogar na posição dela”, afirmou Amanda Guedes, de 20 anos.



“Rio Ravens”O Rio de Janeiro possui o único time brasileiro atualmente registrado no International Quidditch Association (IQA), a associação responsável pelas regras e campeonatos internacionais de quadribol dos trouxas. De acordo com Vinícius Mascarenhas, capitão do “Rio Ravens”, os jogos são geralmente realizados na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, na Zona Norte.

“O nosso time foi fundado em 2010. Falta pouco para completarmos o equipamento necessário e realmente desejamos continuar a jogar com frequência. Também apoiamos fortemente a criação de outros times. Não podemos doar equipamento ou prover patrocínio, mas faremos o que for possível para ajudar com experiência e integração na Associação”, disse ele.


Na saga, jogadores voam em vassouras atrás do "pomo de ouro' (Foto: Divulgação)
Em 'Harry Potter', jogadores voam em vassouras atrás do "pomo de ouro'
(Foto: Divulgação)


Desde a sua criação, em 2005, na Universidade de Middlebury, em Vermont (EUA), o quadribol trouxa vem atraindo adeptos do mundo inteiro. A IQA surgiu em 2007 e promoveu, no mesmo ano, a 1ª Copa Mundial de Quadribol (na época ainda limitada a times escolares). A Copa acontece anualmente desde então.


“A IQA cresceu bastante nos anos seguintes. Pelo mundo, há outras equipes, mas não tão divulgadas e integradas, especialmente por causa da distância. Nos EUA, a 'rede' de equipes de quadribol é muito maior e mais forte. Meu objetivo, como representante brasileiro da IQA, é promover o quadribol no nosso país em larga escala”, completou Vinicius.

Se para quem assiste pode parecer mais uma brincadeira confusa, para os jogadores é uma forma de manter a saga viva. Uma coisa é certa: ao lançar o primeiro livro, “Harry Potter e a pedra filosofal”, em 2001, a única coisa que J.K. Rowling não poderia imaginar é que seu jogo fictício, voador e mágico, iria virar, um dia, o esporte preferido dos fãs da série.

CONHEÇA AS REGRAS DO QUABRIBOL DOS TROUXAS



Vassouras
Em respeito à tradição dos livros e filmes,
todos os jogadores devem segurar uma
vassoura entre as pernas, como bruxos
montados e prontos para decolar. Eles
devem permanecer com o objeto durante
toda a partida.


Balaços
Incapazes de criar bolas ferozes que voem,
Os “trouxas” usam três bolas de queimada. Elas
servem para ser arremessadas contra os jogadores
do time adversário.

Pomo de ouro
Trata-se uma pessoa vestida de amarelo ou
dourado, com uma bola de tênis no fundo
de uma meia que fica pendurada no short, na
parte de trás. Alguns usam três fitas no lugar
das bolas. O “pomo” tem carta branca para
fazer o que for necessário para evitar
que seja capturado pelos apanhadores. Isso
significa que o pomo não é punido por faltas
esportivas.



Quadra (campo)
A quadra é elíptica e tem marcações parecidas
com as de um campo de futebol – o círculo no
centro, de onde todas as bolas são lançadas,
e os setores nas extremidades, onde ficam os
aros do gol.

Batedores
Diferente da versão literária, os batedores trouxas
não usam bastões. Eles carregam os balaços e os
arremessam. Ao ser atingido, um jogador deve
voltar aos gols do seu lado do campo e tocar em um
aro ou mastro. Só então está liberado para voltar
ao jogo.

Apanhador
Tem a função de “capturar” o “pomo de ouro”.
Feito isso, o jogo termina e o time cujo
apanhador teve sucesso ganha 150 pontos.
É muito incomum um time capturar o Pomo e
não vencer a partida.

   
Artilheiro
São três em campo. O dever dos artilheiros é
passar uma bola chamada Goles pelos aros do
gol do time oponente, que o goleiro defende.
Goleiro

Tem que proteger os três aros.



Alccy Marthins