quinta-feira, 26 de maio de 2011

AIDS 30 ANOS: UM PANORAMA DO DR. WILLY ROZENBAUM E DE ALCCY MARTINS

Nesta entrevista, Willy Rozenbaum integrante do grupo do professor Luc Montagnier que em 1983, isolou o vírus HIV faz um balanço dos 30 anos da epidemia, a serem completados no próximo dia 5 de junho. Para ele, a Aids ainda está longe de ser considerada uma epidemia sob controle. Leia a seguir a íntegra da entrevista, com comentários do professor Alccy Martins, graduado em Biologia e Química e Especialista em Saúde Pública pela UEVA-CE:

O GLOBO: Trinta anos depois de os primeiros casos de aids terem sido detectados em San Francisco, nos EUA, qual é a cara da epidemia hoje?
Rozenbaum: Trinta anos depois da descoberta dos primeiros casos de aids, pode-se dizer que os progressos são consideráveis. Neste período, nós conseguimos descobrir a origem da doença, compreender os mecanismos do vírus, desenvolver tratamentos que permitem recuperar grande parte dos danos causados e manter as pessoas infectadas com boa saúde, com uma expectativa de vida que se assemelha à das pessoas não infectadas. Os tratamentos foram simplificados também, nos últimos anos, melhorando a adesão. No entanto, em todo o mundo, apenas uma pessoa é tratada para cada cinco que precisam de tratamento, principalmente nos países em desenvolvimento. Mesmo nos países desenvolvidos, uma parte importante das pessoas contaminadas ignora que seja portadora do vírus por falta de diagnóstico. Isso contribui para a progressão da epidemia e seu caráter incontrolável: para cada pessoa que adere ao tratamento, observa-se, ao mesmo tempo, 2,5 novas contaminações.
Alccy Martins: É bem verdade que o vírus da AIDS, hoje está sendo tratado como um dispositivo de morte como deve ser, mais do que em tempo anteriores, isso porque de certa maneira a infecção pelo HIV está sendo um alarde entre a classe mais jovem, é lamentável que os mais novos estejam na estatítica como sendo aqueles que tem informação mas não formaram conceito suficiente para se prevenir-se da epidemia do milênio. Todos os avanços são significativos, porém não podemos deixar o Estado fora do debate, precisamos trazer os políticos paraa dicursão e forçá-los a conceber mais condições para pesquisas.

O GLOBO: A epidemia seguiu o curso originalmente prognosticado? Foi uma surpresa que ela tenha se espalhado tão rapidamente por todo o mundo?
Rozenbaum: Foi só no fim dos anos 80 que entendemos a real dimensão da epidemia. Inicialmente, só conseguíamos contabilizar os casos que apresentavam as complicações da doença. A partir de 1985, quando começamos a utilizar os testes sanguíneos de diagnóstico, começamos a nos dar conta da parte submersa do iceberg, representada pelas pessoas infectadas pelo HIV, mas assintomáticas, que representam a maioria. Não podíamos imaginar que, em 30 anos, 60 milhões de pessoas seriam infectadas pelo vírus e que 25 milhões morreriam.
Alccy Martins: É impressionante mesmo que em 2011, nos deparamos com números tão alarmantes como esses, sem falar que no Brasil o país que é referência mundial de combate a AIDS, tem números ainda como estes, veja bem ao passo que o governo tem a real compreensão do que é saúde pública para o país, traça metas de políticas públicas para intervir em novos casos. Hoje o Brasil precisa está preparado para a incidência dessa síndrome. 

O GLOBO: O senhor acha que a epidemia está controlada hoje?
Rozenbaum: De forma alguma! Na melhor das hipóteses, nos melhores cenários nos países desenvolvidos, o número de novas contaminações está estabilizado. Esses novos casos se juntam aos antigos – porque a mortalidade diminuiu consideravelmente nesses países graças aos tratamentos – o que leva a um aumento constante do número total de pessoas contaminadas. Se nenhum progresso for feito em termos de prevenção, prevemos que 60 milhões de pessoas estejam contaminadas pelo HIV em todo o mundo em 2030.
Alccy Martins: Não podemos deixar de lutar para diminuir os casos de aids, porque sentimos a necessidade de que aja mais investimentos nessa área. Por isso é necessário termos condições de trabalharmos de maneira segura e apropriada, se partirmos do pressusposto de que aqui no Brasil a AIDS só entra em evidência no período do Carnaval estamos alimentando um mal sem prescendentes, isso porque são investidos verbas públicas em campanhas que trata apenas do uso da camisinha, e isso na minha opinião representa um descaso público. Quando o Dr. Rozenbaum, afirma que é necessário fazermos prevenção esquece de dizer que tipo. Sou mais objetivo, por isso cito algumas medidas como:

1. Pesquisar em todos os estados para saber a real situação dos casos de ADIS.
2. Dar assistência ao portador do HIV.
3. Desenvolver programas de sensibilização contra a AIDS, nas escolas públicas e privadas.
4. Trabalhar as famílias sobre os riscos de contaminação.
5. Estabelecer pontos de exames de HIV em todo o país, para se fazer estimativas reais, e para se detectar os casos que são desconhecidos.
6. Investir em pesquisas sobre antiretrovirais.

O GLOBO: Há alguma esperança real de uma vacina? Ou cura?
Rozenbaum: A questão de uma vacina ou um tratamento curativo permanece totalmente especulativa. Os modelos tradicionais de tratamento ou de vacina não se aplicam porque estamos diante de um agente infeccioso que se integra ao material genético de algumas células da pessoa infectada. Será necessário, sem dúvida, uma intervenção genética para silenciar o vírus ou extraí-lo. No que diz respeito a uma vacina que consista em preparar nosso sistema de defesa para uma infecção, também não conseguimos porque o nosso sistema de defesa não sabe fazer isso naturalmente com eficiência. Isso não impediu diversos pesquisadores de persistir nesse caminho, testando novos métodos baseados em novos conceitos. Por tudo isso, é impossível fazer uma previsão de sucesso.
Alccy Martins: Quando partimos do fato de que essa síndrome é causada por um vírus, o assunto deve ser adordado de maneira clara e objetiva, da seguinte forma:

1. A aids é de caráter retroviral, ou seja, é impossível tratá-la como se fosse um vírus qualquer.
2. Os estudos devem ser voltados para impedir a combinação do RNA do HIV em DNA do ser humano.
3. Estudar fontes de neutralização da enzima transcriptase reversa, copiadora do vírus.
4. Por em prática a caracterização de um protótipo de RNA desenvolvimento por um computador para que desbloqueie a célula infectada e consiga neutralizar a replicação do HIV.
5. Trabalhar a tese de que o vírus por ser um parasita intracelular obrigatório, deixe de usar a adesão como suporte para a injeção o material genético dentro da célula, com isso criar uma proteína que impessa o acoplamento.

O GLOBO: E novos tratamentos? Quais são hoje os principais alvos da pesquisa?
Rozenbaum: Os tratamentos atualmente disponíveis são muito eficazes, a tal ponto que permitem um sucesso terapêutico em 90% dos usuários desde que seja iniciado antes do surgimento da doença e seguido com diligência. O maior progresso que podemos prever consiste na simplificação desse tratamento e o consequente aumento da adesão. Por exemplo, um tratamento administrado apenas uma vez por semana, ou uma vez por mês, seria um progresso muito importante. Mais especulativos são os trabalhos voltados à eliminação dos reservatórios do vírus, o reforço do nosso sistema natural de defesa e as terapias genéticas.
Alccy Martins: O entrevistado deve ser mais objetivo, para que a dinâmica do trabalho seja produtivo. É necessário observar que os tratamentos são realizados na esfera privada para depois serem vendidos para o governo, veja bem os tratamentos são forma apenas de amenizar os sintomas mais em hipóteses alguma pode curar a síndrome. Outra fato importante é a questão da vontade política de cada governante, pois temos noção qua a partir do momento que o Ministro da Saúde Serra no governo de FHC comprou briga para adquirir os direitos de produzir tais medicações omundo se voltou contra o Brasil e depois teve que reconhecer que Serra estava certo, inclusive o próprio Dr. Willy Rozenbaum foi um dos que declarou que o Brasil não era o país adequado para receber tais direitos. Com relação os tratamentos posso afirmar que as terapias só funciona com acompanhamento. À medida que, que um novo indivíduo é indica positivo, deve receber asssitencia automaticamene sem mais perguntas, por se não for assim com certeza não adiantará apenas detectar e não assistir. Para funcionar precisará:

1. Detecção em todo território nacional.
2. Adesão imediata de todo àquele que for diagnosticado positivo.
3. Assistência 100% no tratamento.
4.  Uso de material genético.

O GLOBO: A discriminação ainda é um problema sério para os pacientes?
Rozenbaum: Se, por um lado, os progressos médicos foram importantes, por outro devemos constatar que as mentalidades evoluíram pouco. A doença continua sendo marcada pela ignorância, discriminação, rejeição e estigmatização. Isso alimenta o número de pessoas contaminadas que ignoram sua condição, contribuindo para a disseminação da doença.
Alccy Martins: Para concetrarmos as atividades contra a aids primeiro temos que huanizar o homem, esse indivíduo que por muitas vezespensa ser composição mais importante do Universo, quando na verdade não passa de um aglomerado de substãncias que necessitam de ajustes. Por isso, acredito que não podemos deixar que o preconceito seja um fator de disseminação dessa sídrome. Preconceito apenas para palavras, com a vida deve se ter bom senso.

O GLOBO: Qual é o futuro da epidemia?
Rozenbaum: O futuro está em nossas mãos. Praticamente eliminamos a contaminação entre mãe e filho. Já demonstramos, definitivamente, que o tratamento das pessoas infectadas reduz em 96% o risco de transmissão sexual. Uma vacina não faria melhor. Para que isso tenha um impacto ainda maior, deveríamos testar a população de uma forma mais ampla e oferecer o tratamento a todos os infectados.
Alccy Martins: Devemos de fato manter todos os métodos de prevenção, logicamente observando as mudanças de comportamento e no uso de preservativo. O sucesso que conseguimos nos últimos anos nos ensinou as condições do progresso como:

1. Ações baseadas no conhecimento e não no pré-julgamento.
2. A defesa do direito das pessoas e o engajamento político nas adesões de investimentos.


Fonte: O Globo / Alcy Martins


Alccy Marthins