Deputados
no plenário durante a sessão que aprovou a criação de comissão
externa
para apurar irregularidades na Petrobras
(Foto: Gustavo Lima / Agência
Câmara)
Em meio à crise entre o governo federal e a base aliada no Congresso, a
maioria dos integrantes do chamado "Blocão" impôs nesta terça-feira
(11) a primeira derrota ao Palácio do Planalto no Legislativo ao aprovar
a criação de uma comissão externa de deputados para investigar
denúncias de propina na Petrobras.
O texto aprovado pelos deputados contraria o governo, que alega que a
investigação pode prejudicar a imagem da estatal do petróleo. O PT
tentou obstruir a votação, utilizando instrumentos previstos no
regimento interno para postergar a análise da matéria. A sigla obteve o
apoio de PC do B, PDT e do bloco PP-PROS.
Para o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), a criação
da comissão externa seria um “erro político” "Vai colocar a Petrobras
em dúvida no plano internacional por uma investigação que não existe, e a
Câmara ainda pode ficar em maus lençóis ao não ter acesso às
investigações", disse Chinaglia.
O foco da crise é a Câmara dos Deputados e a relação tumultuada que o Planalto tem com o líder do PMDB,
Eduardo Cunha (RJ). Nesta segunda, a presidente Dilma Rousseff se
reuniu com lideranças do PMDB, mas não convidou Cunha, o que foi
interpretado por parlamentares como uma tentativa de isolar o líder
peemedebista.
Em resposta, o "Blocão" e a bancada do PMDB na Câmara anunciaram
publicamente apoio ao peemedebista e disseram que eventual tentativa de
excluí-lo significaria ignorar toda a base aliada da Casa. Após a aprovação da comissão de externa para investigar a Petrobras,
Eduardo Cunha negou que a votação tenha sido uma tentativa de “retaliar”
o Planalto. "Não tem nenhuma intenção de vingança", afirmou.
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), também defendeu a aprovação do requerimento. "A comissão externa não é acusatória, é investigatória. Essa comissão é
apenas para investigar. O bem da Petrobras é o que todos nós queremos, e
esta Casa cumpriu seu dever", afirmou.